domingo, 19 de abril de 2020

E ao falar de Cultura e Ceará-Mirim

Diante dessa Pandemia, vejo o quanto é frágil para a classe artística e cultural, suportar esse isolamento sem exercer suas atividades como modo de trabalho reconhecidamente.

Ideias surgem como as transmissões ao vivo, mas sabemos que em sua maioria não é suficiente pra manutenção de suas atividades. Está mais do que na hora das prefeituras assumirem seu papel e criarem seus Fundos Municipais de Cultura. Para que a relação não seja sempre de 'favor'  e sim de fomentar profissionalmente os artistas e a cultura pra que não sirvam só de adorno pra eventos e festas nos palacetes municipais!

Infelizmente, a maioria dos municípios sequer tem interesse de criar uma secretaria própria de cultura, onde geralmente ela fica subordinada e sem recursos às secretarias de Turismo ou de Educação. A falta de gestão e prioridade é que leva ao abandono.
Não isento da responsabilidade, principalmente, o fato do atual presidente ter extinguido pela segunda vez na história do Brasil(a primeira vez foi no governo do Collor) o nosso Ministério da Cultura, reduzindo-o a uma secretaria na mão de fantoches. Mas no caso específico de Ceará-Mirim, Terra constantemente chamada de Vale Verde, fonte de Cultura e infindável celeiro de artistas e onde o GOTO SECO exerce a maior parte das suas atividades, isso se repete. Nenhum governo até hoje que se disse apoiar a cultura, criou um fundo municipal pra isso. Repetindo assim um clima de 'favor' e 'mendicância' para a maioria e de contratos e favoritismo pra empresários ligados à situação. O que enfraquece a todos.

Nessa Pandemia, tudo fica mais evidente, vê-se muitos artistas reclamando das dificuldades enfrentadas, sejam elas financeiras e de apoio ao exercício da profissão. Cabe ao poder municipal e a cobrança da sociedade a criação do Conselho Municipal de Cultura e do Fundo Municipal de Cultura com ampla participação da população e não só de cargos diligenciados sem formação na área ou de favoritismo elitista, que fomente editais, chamadas para financiamento da arte em suas mais variadas formas, incluindo principalmente a nossa abandonada cultura popular.

Como dizia Albert Camus: "Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva."

Finalizando, isso deve ser EXIGIDO de forma URGENTE, pois tudo se enquadra na Lei do Plano Municipal de Cultura já federalizado. Vamos exigir nossos direitos. A Cultura é fonte de renda e respeito no mundo todo. A Cultura de um povo é seu viés histórico e verdadeira riqueza.

Carlos Henrique de Araújo
Geógrafo, Educ.Ambiental e graduando em Produção Cultural

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