sábado, 16 de março de 2024

Viva Washington!

 

Um rockeiro nunca morre! Washington não morreu! Queria eu saber pra onde ele foi. Desconfio que esteja bem perto da Rita Lee a quem tanto dançou e cantou. Desconfio também que esteja no astral sentindo as vibrações das canções do Led. Desconfio mesmo, quase certeza que esteja agora olhando nos olhos de Fred!
Um rockeiro nunca morre. Pelo contrário, faz viver! Foi Washington Pereira que nos apresentou vários sons irados. Do hard ao psicodélico. Ainda era de menor quando ele me fez me sentir mais vivo me vendendo um cd do T. Rex e me apresentou a beleza do Pink Floyd de uma forma estonteante, em seu som estridente quando morava na rua do serve-bem.
Washington serve bem de exemplo de rockeiro autêntico, ser raro atualmente. Aquele que estuda a biografia, conhece a discografia, toca guitarra, tem banda, se apresenta, aceita som novo, coleciona discos, Cds, DVDs, tem camisa das bandas preferidas e vai para os shows! Esse é o rockeiro que assume essa forma de vida.
Nos shows ele declarava seu amor incondicional pelo rock: subia no palco, na mesa, gritava, cantava e ficava até o fim. Quem sabe é quem o acompanhou nessas viagens, como no Rio Grande do Rock no show de Barão Vermelho e tantos outros.
A cena que falo a seguir, era quase como um ritual para os iniciantes do rock: Washington nos encontrava na rua em seu carro equipado de um som que se escutava de longe. Perguntava onde estávamos indo (e quase sempre iamos a caminho do bar de Erivan), pedia pra gente entrar no carro e colocava um som indecifrável, olhava pra gente com o espírito grog e perguntava: "que som é esse?". Era uma prova de fogo, saber que banda era aquela tão desconhecida! Se soubesse qual a banda, ele então perguntava que álbum estava aquela música e se o rockeiro soubesse, aí ele perguntava de que ano era o álbum! Se não soubesse de nada, ele logo fechava a cara, mas depois era tudo onda! Ele realmente pesquisava bandas novas e as reconhecia, e isso é raro hoje! Conheci muita coisa boa com ele e também sites de rock!
Trabalhei com ele no Júlio Senna. Professor focado em seus alunos e no esporte handball que gerou muitas atletas vitoriosas. Se dedicou até os últimos dias e se esforçou para ajudar com sua sabedoria!
Realmente, um rockeiro nunca morre!  Em pleno carnaval, em meio a vários blocos de rua, confetes, Maizena e colares havaianos de plastico, tomamos umas ao som do Led Zeppelin. Ouvimos todos os 4 cds remasterizados de uma caixa que ele adorava. Incrível o som. Feia era a cara das pessoas que ouviam. Mas estávamos firmes e fortes.
Washington viveu uma vida de rock e tudo que ela proporciona! Sua última tocada que vi, lá na confraternização do Goto Seco me trouxe felicidade. Acompanhei seu sentimento cantando The Animals e o velho Stones. Toquei com ele nos primeiros eventos do Goto Seco e naquele tempo ensaiàvamos Jump Jack Flash com uma força da liberdade. Ele me fez sentir a força dos Stones que ele expressava cantando. Foi um cara especial para muitos, para mim uma verdadeira estrela do rock. Me trouxe amigos como o Carlão escritor e jornalista. Devem estar juntos, já na maior resenha!
Sinto muito sua partida, mas sinto mais a alegria de ter conhecido esse cara incrível! Um rockeiro nunca morre! Viva a Washington nosso grande amigo!

Por Cadu Araújo

Em nome do Coletivo GOTO SECO ao qual ele por diversas participou de nossos Festivais nos palcos e sempre presente sempre com seu rock in roll.


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