Salve, salve a amizade*
Pobres infelizes os ignorantes que não têm amigos, que não sabem a importância dessa figura fundamental na nossa breve e instigante vida. Deus na sua fiel sabedoria se esqueceu de criar o 11º mandamento: “É pecado mortal não ter amigos, não ter alguém para abraçar e dizer: ´como é bom ser seu amigo´.”
Deste pecado eu estaria absolvido, aliás, por várias encarnações, tenho muitos amigos: amigos bêbados, que em seus momentos de evolução etílica transcendental e sobrenormal dizem eu te amo; amigos que não bebem, mas também dizem eu te amo; amigos que tocam piano, poetas, artista plástico, mágico, surfista, burocrata, intelectual, alguns sorridentes, outros não, amigos cultos, outros não, amigos pretos, amarelos, brancos, multirraciais. Amigos “vagabundos”, de classe média, amigos sem classe nenhuma, mas são amigos. Tem aquele que é político, poeta, idealista e às vezes anarquista. Amigos próximos, outros distantes: “a milhas e milhas e milhas de qualquer lugar”.
Ufa! Quantos amigos! Amigo é aquele que fica feliz com a felicidade do amigo, que está ao seu lado quando você precisa de uma força, que paga a conta do bar porque você ficou embriagado e não sabe onde está o dinheiro. “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração...” Amigo é tanta coisa que nem sei mais! Pobres ignorantes infelizes os que não têm amigos!
Ilton Soares
Professor universitário
Colaborador do Movimento Alternativo Goto Seco
* Este texto, aparentemente simplista e sem compromisso, convida o leitor a refletir sobre a amizade, principalmente em tempos de globalização da cultura do supérfluo, de capitalismo selvagem, que incita uma competição que devora e destrói todos os bons sentimentos e princípios humanos.
* Texto publicado no Zine Independente Alternativo Goto Seco em julho de 2006.
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