quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Desastre humano

      Mais uma vez fracassou a tentativa de “salvar o mundo” dos gases estufas através de um acordo internacional. Assim como o Protocolo de Kyoto (1997), Copenhague (COP15), tem um sabor de fracasso e frustração, por não atingir as expectativas daqueles que sonham com um mundo ambientalmente mais saudável.
       Mas nada disso acontece à toa, despropositadamente. Por trás do fracasso da Conferência do Clima há muitos interesses envolvidos, que infelizmente são bem maiores que o poder de pressão da opinião pública. Estou falando de interesses capitalistas. A redução de poluição sugere menor crescimento econômico e isto é tudo que o grande capital não quer. Ele precisa se alimentar mais e mais com a expansão da economia, mesmo que isto gere um “pequeno efeito colateral” que pode acabar com o nosso planeta num futuro não tão distante assim (sem querer ser catastrófico, mas já sendo, assim como os filmes Hollyudianos).
      Mais uma vez os EUA, desta feita representados pelo Obama, defenderam os interesses das grandes empresas mundiais. O presidente americano é apenas a ponta do iceberg, um mero fantoche de luxo de um pequeno grupo de pessoas que detêm a maior parte da riqueza monetária mundial e decidem o que vai ou não acontecer com nosso planeta.
      O homem que contraditoriamente ganhou o Nobel da Paz e pouco depois enviou trinta mil soldados para o Iraque, ajudou no fracasso da Conferência do Clima, e assim, perdemos mais uma chance de promovermos a paz mundial. Sim, porque a paz não existe apenas com ausência da guerra. A questão ambiental é estrategicamente fundamental para a paz. A preservação ambiental está diretamente relacionada ao fornecimento de alimentos, água e territórios independentes com existência de recursos naturais sustentáveis.
      O que vemos com o malogro do COP15 é o prenúncio de mais conflitos mundiais no futuro, desta vez não apenas por petróleo, como ocorre disfarçadamente no Iraque atualmente, mas também guerras por água, alimentos e áreas livres de degradação onde ainda se possa viver dignamente. Infelizmente, não posso dizer como o Obama na sua famosa frase na campanha eleitoral. “Não, nós não podemos” fazer muita coisa enquanto os interesses capitalistas se sobressaírem aos anseios da humanidade e da preservação da vida. Mas como outro negro famoso que defendia os direitos do homem e não do capital falou certa, “eu tenho um sonho”, e assim como o Luther King, acredito na igualdade de direitos entre os homens, e que um dia o bem de todos será maior que a vontade de poucos.
      E para não ser tão pessimista, termino está crônica com um pensamento de um dos verdadeiros e merecedores ganhadores do Nobel da Paz, Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo.” Façamos nosso papel de formiguinha, ou como o pequeno beija-flor naquela famosa fábula. Quem sabe um dia a utopia torna-se realidade...

Ilton Soares.
Geógrafo e colaborador do Movimento Alternativo Goto Seco

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