Lá se vai mais um ano comemorado quase que em delírio: não se rí, mas também não se chora na terra das ladeiras. “Tenho 28 anos de sonhos” e de sabedoria sobre minha terra e não nego que hoje, aniversário da cidade, eu me nego a aceitar aqueles que sempre renegaram nosso lugar. Negam assistência e não dão ouvidos ao povo que não é comunidade. A única coisa que não negam do nosso lugar é o dinheiro que é usurpado por vias mil, mas que chega ao bolso de poucos. Muitos que falam deste dinheiro, conhecemos que a intenção é que este dinheiro também caia na sua conta, mas eu e muitos não! O dinheiro deve ir pra onde deve estar: pra merenda, pra coleta de lixo, pra cultura, pra segurança, para gerar emprego, pra saúde e outras coisas tão básicas que passam a ser uma complexidade para quem só tem esta alternativa de se sujeitar as humilhações disparadas dos órgão públicos.
Não escrevo mais “chega de corrupção” com tanta veemência como antes, procuro informar os outros para que se fortaleçam e não abram seu sorriso nem suas mãos para os candidatos nem para o dinheiro antes de lembrar do assalto e esquecimento da cultura local, antes de lembrar da fila e espera infinita por atendimento no hospital, antes de lembrar da insegurança que apavora nossos filhos, antes de sentir o cheiro do lixão, antes de ver a grande prostituição que ocorre, antes de ver o grande número usuários de crack que devasta nossos jovens, antes de ver várias coisas que devem pesar na hora de eleger um desses que estão aí, colando cartaz e com som alto na nossa porta. Quem está comemorando este aniversário?
Texto: Eduardo Araújo
Foto: nosso presente
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