quarta-feira, 7 de outubro de 2020

ARTIGO - Rock é Atitude: a contribuição Sociopolítica do Rock ao Longo das Décadas por Pedro Carlos da Rocha Neto

Goto Seco Movimento Alternativo abre o espaço para escritores e hoje inicia a publicação de uma série de oito textos do artigo intitulado Rock é Atitude: A Contribuição Sociopolítica do Rock ao Longo das Décadas. São textos produzidos por Pedro Carlos da Rocha Neto, Cirurgião-Dentista, Mestre e Especialista em Patologia Oral e Maxilofacial, escritor de Ceará-Mirim. As publicações ocorrerão nas quartas-feiras. Boa leitura!

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Parte 1/8 - O Rock nos anos 1950: o início da rebeldia

Num certo dia, eu estava conversando sobre rock com um mecânico enquanto ele fazia um conserto no meu carro e ele falou uma frase interessante: “Rock é atitude”. Ele completou dizendo que os simpatizantes do gênero são diferentes do comum. Para exemplificar, ele disse: “é só ver os evangélicos que curtem Rock Gospel. Eles são diferentes dos outros”. O mecânico é conhecido como Jojó (Josieverson Arruda), um cara que gosta de pensar e escrever. 

Pois bem. O Rock surgiu como uma mistura de estilos musicais, principalmente o Country e o Rhythm and Blues, e desde a sua origem nos Estados Unidos, no final dos anos 1940, sempre chamou atenção na sociedade, inicialmente pela agitação das músicas, conferida pelo comportamento enérgico de palco e rapidez das palavras cantadas (geralmente com simulações de soluços, gagueira, sussurros, gemidos, suspiros, gritos, uivos, rouquidão) e dos instrumentos como a bateria, o contrabaixo e, principalmente, a guitarra elétrica: uma quebra de paradigmas musicais que logo conquistou os jovens americanos.

         
O Rock ultrapassa o conceito simples de gênero musial, pois desde a sua origem influenciou estilos de vida, moda, atitudes e linguagem. Em meados da década de 1950, quando o Rock (Rockabilly - 1º estilo de rock) começou a se espalhar através principalmente de Elvis Presley, a sociedade era muito conservadora em seus costumes e os jovens seguiam a tradição. Porém, o surgimento de Elvis com seu estilo de se vestir, dançar e se comportar, bem diferente do normal, seduziu os jovens e fez surgir um novo estilo de ser: o estilo rock’n’roll. Naquela época os jovens eram réplicas de seus pais em seu modo de se vestir e se comportar, mas passaram a apresentar aspectos de mudança com o advento do Rockabilly, sobretudo nas vestes, nos penteados, no comportamento e no falar. Itens como camisetas listradas ou coloridas, jaquetas de couro, calças jeans, sapatos Brothel Creeper, além de topete no cabelo e o gosto por carros clássicos americanos e motocicletas britânicas, eram marcas de um cara “boa pinta”; as garotas ficaram menos recatadas. Nesse contexto é importante destacar a influência dos atores Marlon Brando e James Dean para o desenvolvimento inicial do estilo rock’n’roll, pois eles protagonizaram, respectivamente, os filmes The Wild One (1953) e Rebel Without a Cause (1955), que retratam problemas de uma juventude rebelde, e assim conquistaram o público jovem que não concordava com os valores tradicionais impostos por seus pais e pela sociedade. O estilo de roupas e o comportamento rebelde dos personagens nos filmes serviram como inspiração para Elvis Presley e os demais cantores de rock da época, e como modelo para a geração nascente do Rock.

O Rock foi muito impactante para a conservadora sociedade norte-americana dos anos 1950, de maneira que ouvir rock’n’roll significava não seguir o que os pais, os políticos e a religião diziam. Ouvir, cantar e dançar rock era uma forma do jovem de mostrar que não estava preocupado com antigos dogmas que regiam a sociedade até aquela época. Sendo assim, o Rock se consagrou como estilo musical rebelde e aos poucos foi se configurando como um estilo de vida. No entanto, o rock da década de 1950, apesar de sua rebeldia contra os padrões morais dos costumes, abordando temas comumente relacionados a carros e a namoros, não continha teor crítico à sociedade, à política e à cultura, o que viria a se desenvolver na década seguinte.

          Nos EUA dos anos 1950, alguns dos principais representantes do Rock, também conhecido como Classic Rock, são: Bill Halley & His Comets, considerada a primeira banda de rock; Carl Perkins, conhecido como "o Rei do Rockabilly", ele foi um dos pioneiros do embrionário Rock and Roll; Chuck Berry, considerado o “pai do Rock”, ele era muito performático com a guitarra elétrica; Little Richard, o arquétipo do artista do rock’n’roll barulhento e ambissexual; Johnny Cash, um icônico precursor da demonstração de rebeldia através dos gestos; Buddy Holly, considerado o definidor da formação tradicional das bandas de rock com duas guitarras, contrabaixo e bateria; e Jerry Lee Lewis, o protótipo do roqueiro louco. Contudo, o maior representante e propagador do Rock naquela década foi Elvis Presley, de maneira que ele passou a ser conhecido como o “Rei do Rock”.

            O novo ritmo contagiante e diferente de tudo o que se conhecia como música logo se difundiu para a Europa, sobretudo Inglaterra, e outras partes do mundo. No Brasil, o Rock se expressou pela primeira vez em 1955 através da gravação de uma versão da música “Rock Around The Clock”, de Bill Halley & His Comets, feita pela cantora Nora Ney para a trilha sonora do filme Sementes da Violência. Porém, o primeiro rock cantado em português foi “Enrolando o Rock”, composto pelo grupo Betinho e Seu Conjunto em parceria com o compositor Heitor Carrilho, em 1957, para trilha sonora do filme  Absolutamente Certo. Ainda em 1957, Cauby Peixoto gravou a música “Rock and Roll em Copacabana”, composta por Miguel Gustavo, que também é considerada por críticos como o primeiro rock brasileiro. Além desses, outros nomes que marcaram o início do Rock no Brasil e, principalmente, as bases do movimento Jovem Guarda são os irmãos Tonny e Celly Campelo - Celly Campelo foi considerada a rainha do rock brasileiro - e o grupo Golden Boys, que gravaram várias músicas voltadas para o público jovem.

2 comentários:

  1. Parabéns, Pedro Carlos, pelo excelente artigo. Já aguardando os próximos capítulos.

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  2. Obrigado, brother...Vc não perde por esperar.

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