Ao iniciar a redação deste texto, o meu objetivo era parabenizar os colegas professores, as equipes pedagógicas e os grupos gestores ao mesmo tempo pedir para que não dessem atenção às criticas negativas dirigidas aos trabalhadores da educação. Sempre parte de grupos que fazem oposição política e não sabem separar as situações, e/ou desinformados que não têm a devida consciência da situação. Muitos perguntarão, “e os alunos?” Quanto aos alunos, a estes teria que dedicar um texto a parte, são os que menos entendem esta “parafernália”.
Um ano difícil o que passamos. As dificuldades, encontradas no
cotidiano, foram reforçadas pela pandemia que vem atingir a humanidade de forma
violenta.
A educação no Brasil já vem sofrida ao longo de décadas que fecham
séculos em nossa história. Não é a pandemia, causada pelo (covid 19), que
trouxe principalmente para a rede estadual e municipal de ensino este momento
ainda mais sofrido, não vamos atribuir à crise na educação brasileira ao corona
vírus. O vírus, ele vem descortinar os pontos falhos existentes nas políticas
públicas (saúde, educação e assistências sociais), a pandemia nos trouxe a dura
realidade. É claro que este momento é sentido em todos os segmentos da
sociedade, mas o “sistema escolar” brasileiro tem todo um histórico desde o
período colonial. No entanto, vamos nos prender ao período republicano e a
terceira revolução industrial.
Se nessa abordagem formos rebuscar o histórico do nosso processo
educacional, vamos nos deparar com uma educação dirigida a uma classe social
privilegiada. O nosso ensino tem em suas raízes uma base religiosa e depois dos
anos 80 do século XX, com o desenvolvimento do letramento no universo
pedagógico a exploração por parte na indústria da educação tornando-se parte
ativa do capitalismo com apoio das correntes políticas onde poucos avanços
beneficiaram o sistema público de ensino. No entanto, não podemos dirigir o
descaso com a educação pública somente com as situações do passado e o seu
contexto político/social. Agora mesmo em plena pandemia (15/12/2020), o
congresso em uma sessão deliberativa semipresencial, aprovou emendas que mexiam
com o FUNDEB, e o senado em um momento de pura lucidez retirou trechos do texto
que beneficiaria em R$ 16 bi outros segmentos que não eram da escola pública.
A pandemia levou ao processo de prevenção que por sua vez, através de
decreto governamental chega a suspensão das aulas presenciais em nosso estado,
assim como em toda a federação. O apoio foi mínimo, dada a real necessidade que
ficou para o segmento da educação. Os gestores, equipes pedagógicas,
professores ficam a mercê do fator “vai dar certo”, o próprio MEC, não estava
preparado para tal situação. O ano inteiro de 2020, cada estado ficou sob a
tutela dos governadores e suas políticas.
Vou procurar focar a minha reflexão na carência de uma estrutura
técnica e de um preparo por parte do corpo ativo para o uso das ferramentas do
mundo digital, não vou me estender a outras variantes porque é um campo muito
fértil para questionamentos este da educação.
As tecnologias digitais estão inseridas direta ou indiretamente na
realidade dos alunos, professores e funcionários das escolas. Assim torna-se
relevante inserir essas questões atuais à educação, trazendo novas
possibilidade de interação e mediação de conhecimento que podem dar-se de diversas formas, como ressalta
Belloni (2006, p.59).
No entanto, nos deparamos com uma dura realidade, o professor
encontrou-se em um mundo informatizado onde precisa adaptar-se para lidar com
um aluno sem condições de acompanhar aquele novo modelo de ensino (aulas
remotas/ensino híbrido) que o transporta para outra realidade em termos de
ensino/aprendizagem.
A CONAE se posiciona em relação
ao uso das tecnologias e a influência das TIC (Tecnologias da Informação e
Comunicação), na educação. As escolas
ainda não se mostraram como espaços acolhedores das tecnologias. Ele propõe,
nesse sentido uma maior abrangência do suporte estrutural com aceso a internet
e laboratórios de informática em boas condições, ressaltando que somente esses
recursos não garantem uma completa formação educacional com as TIC (CONAE,
2010).
Conviver com os avanços da tecnologia faz parte do universo da
educação. O problema está nas condições para desenvolver tal prática. A falta
de estrutura que atinge professores e alunos.
“O novo papel do professor esta
ligado ao processo de aprimoramento do uso das novas tecnologias,
possibilitando aos alunos outros modos de aprender em sala de aula ou fora
dela. Assim, o ensino e a aprendizagem podem se concretizar em ambientes de
aprendizagem, sejam presenciais ou à distância (EAD)” – (GUIMARÃES, 2007).
Em determinadas situações vamos encontrar escolas sem salas de vídeos,
salas sem equipamentos para uma editoração, sem condições para uma montagem de
uma vídeo aula. Escolas sem internet, sem o mínimo de estrutura para auxiliar
um aluno que por sua vez está despreparado para receber o que vem a chegar até
ele, que tem o mínimo de condições para a situação que se apresenta. Este aluno
que vive um contexto social carente ao longo dos anos, sentindo a marca do
esquecimento maldoso das políticas sociais da qual faz parte a educação
escolar. É esta a dura realidade quando falamos do ensino público e estamos
diante de uma realidade como a que enfrentamos nesse momento, ficamos a mercê
de situações político/estruturais.
Imaginem uma escola que funcionam os três turnos, um contingente de
480/500 alunos por turno. Como desenvolver um trabalho de aulas remotas quando
vários fatores são negativos. Uma parcela desses alunos, digamos 30%,
desenvolve as atividades on line pela Escola Digital (Sigeduc), e plataformas
disponíveis, para outra parcela (40%), as atividades são trabalhadas por
e-mails com apoio do aplicativo whatsapp e os 30%, restantes trabalham com
material impresso pego na escola e devolvido em datas determinadas. O grupo que
trabalha com material impresso passa pelo problema da exposição e aglomeração
devido aos encontros durante a troca de material.
Esta é a microparcela da realidade pelo que passa a educação escolar
dentro da pandemia. Falo microparcela porque não cheguei a abordar o que
realmente vem a ser, a dura realidade existente nas escolas públicas e que
também de certa forma alcança um determinado número de escolas de pequeno porte
no ensino privado.
A pandemia vem mostrar o quanto o homem está despreparado, o covid 19,
deixa a descoberta outras deficiências da sociedade atingindo em um dos casos
os procedimentos desenvolvidos para auxiliar a educação.
A aplicação da vacina vai acarretar mais um problema ligado a pandemia
e a volta às aulas. Sim! Chegou 2021, a vacina não foi aplicada ainda, os
jovens não estão contemplados nas primeiras etapas e se o quadro não mudar os
professores também. Na realidade, aulas presenciais, possivelmente em julho/agosto
- 2021.
Esta é a realidade pelo que passa a Escola Pública, iniciando a 3ª
década do século XXI, e vivenciando os efeitos do covid 19.
Iaponan Correia Bastos
Prof. História - E.E.IUBM
5ª DIREC – Ceará-Mirim
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